O lançamento considerado antecipado da pré-candidatura do ex-governador Pedro Taques (PSB) ao Senado Federal, para as eleições de 2026, acendeu um novo foco de tensão dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) em Mato Grosso. O anúncio foi feito pelo presidente nacional da sigla, Edinho Silva, durante evento realizado em Cuiabá, no último domingo (14), mas encontrou forte resistência entre lideranças estaduais.

Um dos principais nomes do PT no estado, o deputado estadual Lúdio Cabral, classificou a declaração como um erro estratégico e afirmou que a fala não levou em conta o cenário político local nem o processo interno de construção de alianças. Segundo ele, não há qualquer definição sobre a composição da chapa majoritária para 2026.

“Não existe decisão tomada. A fala do Edinho foi muito, mas muito infeliz. Estamos construindo um arco amplo de alianças para montar uma chapa competitiva”, afirmou o parlamentar.

Para Lúdio, qualquer debate sobre a disputa ao Senado precisa, obrigatoriamente, passar pelo senador Carlos Fávaro (PSD), que tentará a reeleição e hoje ocupa o cargo de ministro da Agricultura. “Discutir segunda vaga sem o Fávaro não faz sentido. Ele é senador, ministro e a principal liderança do nosso campo político em Mato Grosso. Alguém informou mal o Edinho sobre a realidade local”, criticou.

O deputado também destacou que a reação negativa da militância petista evidencia o descompasso entre a direção nacional e a base estadual. “A repercussão foi ruim, a militância reagiu mal. Provavelmente ele mesmo percebeu que cometeu um equívoco. A construção precisa ser coletiva e olhando para frente”, completou.

Ao avaliar o nome de Pedro Taques, Lúdio adotou um tom respeitoso no campo pessoal, mas fez críticas ao projeto político do ex-governador. “Tenho respeito por ele como pessoa, mas há projetos políticos em Mato Grosso que o tempo já aposentou. Eles fazem parte do passado. O estado precisa de renovação”, afirmou.

Defendendo que o PT assuma protagonismo na disputa pela segunda vaga ao Senado, o deputado voltou a defender uma candidatura feminina da legenda. “Defendo uma mulher do PT para fazer conjuntura com o Fávaro. Sustento o nome da ex-vereadora Gracielle. É uma liderança nova, com papel importante e potencial para o futuro”, disse.

Lúdio reforçou, por fim, que o tema ainda não foi oficialmente debatido dentro do partido. “Essa discussão sequer foi aberta no PT. A fala do Edinho foi totalmente deslocada do nosso processo interno”, concluiu.

Apesar de Pedro Taques ter colocado o nome à disposição, a federação que reúne os partidos do campo progressista adota cautela e evita, neste momento, cravar apoio à sua candidatura. Internamente, a prioridade segue sendo a reeleição de Carlos Fávaro, tratado como o “senador da frente” do grupo em Mato Grosso.

Além das divergências políticas, pesa contra Taques o desgaste acumulado durante seu governo no Palácio Paiaguás, marcado por embates com servidores públicos e perda de apoio em setores da esquerda, o que amplia a resistência ao seu nome dentro da federação.

Mesmo diante das ressalvas, a filiação de Taques ao PSB foi apresentada como uma tentativa de ampliar o arco de alianças do campo progressista no estado. O ex-governador assumiu o comando estadual da sigla após a saída de Max Russi, que deve migrar para o Podemos, sob o discurso de fortalecer o palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Mato Grosso.

Fonte. https://www.unicanews.com.br/politica/fala-infeliz-diz-ludio-ao-criticar-anuncio-de-taques-ao-senado-pelo-pt/132270