Acordo entre Mercosul e UE depende de vontade política e coragem, diz Lula
Presidente afirmou que o bloco sul-americano vai buscar outros parceiros enquanto aguarda UE
Após o adiamento da assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, inicialmente prevista para este sábado (20), frustrar a expectativa sul-americana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, sem vontade política nem coragem dos dirigentes, será impossível concluir a negociação em torno do tratado. De acordo com ele, enquanto o Mercosul aguarda a União Europeia, o bloco sul-americano continuará trabalhando com outros parceiros.
"Após 26 anos, esperávamos assinar o acordo. Tínhamos, em nossas mãos, a oportunidade de transmitir ao mundo mensagem importante em defesa do multilateralismo e de fortalecer nossa posição estratégica em um cenário global cada vez mais competitivo. Mas, infelizmente, a Europa ainda não se decidiu", disse Lula, em sessão Plenária da Cúpula do Mercosul e dos Estados Associados neste sábado.
O brasileiro contou que o Mercosul aceitou a adoção de cotas a produtos agropecuários e o estabelecimento de um mecanismo de salvaguardas, "resguardando nosso direito de reciprocidade". Na avaliação dele, por conta disso, tinha se chegado a um "entendimento vantajoso para os dois lados". "[Mas] Líderes europeus pediram mais tempo para discutir medidas adicionais de proteção agrícola", disse.
Lula, então, comentou que recebeu, ontem, uma carta dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, na qual ambos manifestaram expectativa de ver o acordo aprovado em janeiro. "Sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir uma negociação que já se arrasta por 26 anos", destacou.
Lula fez questão de dizer que, enquanto isso, o Mercosul seguirá trabalhando com outros parceiros. "Na região, esperamos progredir rapidamente na negociação de um acordo com o Panamá. Precisamos ainda atualizar os acordos com outros países sul-americanos, como Colômbia e Equador", citou como exemplos.
Mesmo sob compasso de espera, o petista ainda disse esperar que o acordo seja fechado em janeiro "pelo bem do multilateralismo". Segundo ele, se a Itália apoiar a assinatura, a França não terá capacidade, sozinha, de impedir a chancela do tratado.
"Se ela [Itália] estiver pronta para assinar, e faltar só a França, segundo a Ursula von der Leyen e António Costa não haverá a possibilidade de a França, sozinha, não permitir o acordo", comentou. "Espero que seja assinado, quem sabe, no primeiro mês da presidência do Paraguai", comentou. "Vamos torcer para que as coisas aconteçam pelo bem do nosso Mercosul, do multilateralismo e do desenvolvimento dos nossos países", concluiu o petista.
Inicialmente, a expectativa era de que o acordo fosse assinado neste sábado. Porém, nos últimos dias, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse considerar que chancelar o tratado hoje era "prematuro".
Após a declaração, Lula telefonou para a primeira-ministra e, na ocasião, ela ponderou que não é contra a assinatura, mas está vivendo um "certo embaraço político" com os agricultores italianos.
Fonte. https://globorural.globo.com/politica/noticia/2025/12/acordo-entre-mercosul-e-ue-depende-de-vontade-politica-e-coragem-diz-lula.ghtml
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